Santo André tem 187 professores dos ensinos Infantil e Fundamental sem salas de aulas. Se todos tivessem classes para lecionar, eles poderiam suprir o déficit de 4.100 alunos de 4 e 5 anos que estão fora da escola no município, e universalizar o atendimento educacional nesta faixa etária.
Segundo dados da Fundação Seade e do Ministério da Educação, a população de Santo André com 4 e 5 anos no ano passado era de 18.800 crianças, porém, atualmente, 14.700 estão matriculadas na rede de ensino.
Na prática, os professores não titulares das salas - chamados de adidos - atuam como adjuntos na execução de projetos pedagógicos paralelos, substituição ou aulas de reforço.
Alguns deles até conseguiram colocações nos últimos anos, em virtude de aposentadorias e exonerações de colegas ou de promoções de professores a cargos de direção, o que permitiu a sobra de algumas salas.
A gerente de administração da secretaria de Educação de Santo André, Cristina Guilen, explicou que o problema teve origem em 2007, quando professores foram contratados via concurso público, sem ampliação da jornada escolar nem da demanda. "Não queremos criticar o trabalho dos professores de apoio. Conhecemos exemplos excelentes. Mas houve falha na forma como o sistema foi configurado", explicou Cristina durante a reunião realizada ontem com os 187 profissionais afetados, no Centro de Formação de Professores Clarice Lispector.NOVAS VAGAS - Para 2010, a Prefeitura de Santo André pretende abrir 118 novas classes para atender a pelo menos 1.000 crianças. Elas são fruto da construção de duas creches e uma escola municipal que estão prometidas a ser entregues antes do início do ano letivo, segundo a secretária de Educação Cleide Bochixio.
Os adidos terão a oportunidade de disputar as salas por meio do processo de remoção que ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 dezembro. Participam dessa atribuição todos os docentes que querem mudar de escola. Cerca de 1.700 profissionais dão aulas nos ensinos Infantil e Fundamental da rede de Santo André.
Outra opção oferecida pela secretária é de que os docentes se mantenham como substitutos nas escolas a que estão vinculados.
‘É péssimo ser substituto, ninguém quer''
Docentes que participaram do encontro de ontem ainda têm dúvidas sobre quais serão os próximos passos em suas carreiras profissionais.
Se optarem por disputar uma das 118 novas salas, correm o risco de mudar a rotina e trabalhar longe de casa, porém, ao mesmo tempo, atuar como professor substituto não lhes agrada. "Todo professor quer sala, não tem jeito. É péssimo ser substituto, ninguém quer", reclama Denise Maciel da Silva, 44 anos, professora do 1º ano do Ensino Fundamental na escola Ayrton Senna.
Sua colega Camila Buscarioli, 28, também não optou ainda. "Estou grávida e, de qualquer forma, terei de me afastar. Estou avaliando se vale a pena ficar como substituta."
Rosana Valadares, 30, professora do 4º ano da escola Piero Pollone, lamenta a possibilidade de ter que deixar a unidade. "Queria muito ficar, pois foi a (escola) que escolhi. Agora não sei para qual sala vou lecionar, muito menos em qual escola."
"Estamos nos sentindo injustiçadas. É uma sensação de traição", reclama Regiane Angélica Mendes, 30, professora da Carlos Drummond de Andrade.
Até junho, Pasta quer educadores atuando como titulares
A secretária da Educação, Cleide Bochixio, descartou ontem a possibilidade de exonerar qualquer professor. "Está fora de cogitação, mesmo porque eles têm o direito do emprego adquirido (por meio do concurso) e também quero aproveitá-los na rede."
Cleide prevê que até junho de 2010 as salas estejam redistribuídas aos docentes e não haja mais nenhum adido que não seja titular de alguma delas.
Para tanto, a secretária adiantou que está prevista a entrega de mais duas creches. Além disso, Prefeitura e Estado iniciaram as reuniões para municipalizar cinco escolas da rede estadual onde há espaço ocioso.
As unidades estão nos bairros Utinga, Jardim Cristiane, Parque das Américas e Marajoara - onde há demanda de atendimento a crianças de 4 e 5 anos.
O antigo prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), foi procurado pela reportagem para comentar a contratação de docentes feita em 2007, mas não foi encontrado.
Fonte: Diário do Grande ABC
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