segunda-feira, 23 de maio de 2011

Currículo e participação

CURRÍCULO E PARTICIPAÇÃO
 Claudia Zuppini Dalcorso
Uma cultura comum a todos jamais pode ser a imposição daquilo que a minoria é e acredita.
Michael Apple (2006)

A legislação do nosso país rege pela democracia, em nossa Constituição Federal, no artigo 205 expressa que a educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família, que deverá ser promovido e incentivado com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
No artigo 206, ainda na constituição, expressa princípios no qual a educação deverá ser ministrada e entre eles o princípio da gestão democrática do ensino público.
Esses princípios democráticos e de participação que orientam a nossa legislação indicam que há uma intenção política e social de que nossas escolas pratiquem ações democráticas com a participação da comunidade para que no exercício da ação os alunos aprendam na prática o que é ser cidadão.
Ser cidadão em uma perspectiva, não somente de saber escolher seu governante e sim se tornar sujeito, exercendo seu papel dirigente na formação do seu destino, capaz de criticar, reivindicar capaz de transformar a sociedade em um lugar mais justo.
A escola deve favorecer a construção de conhecimentos, atitudes e valores que tornem o estudante solidário, ético e participativo.
Fazer com que de fato todas estas concepções estejam presentes no ambiente escolar não é uma tarefa fácil, primeiramente a escola deve priorizar a qualidade do serviço prestado, quando o aluno não aprende,isto é, quando a escola não consegue cumprir seu objetivo básico, ele não consegue ser um cidadão capaz de agir criticamente na sociedade. Uma pessoa analfabeta não consegue fazer a leitura do mundo da mesma forma que outra letrada o faz, por aí então começa a exclusão e a desigualdade.
Pensando assim a escola ocupa um papel importante na promoção da democracia, quando ela fracassa a sociedade perde.
É muito responsabilidade para esta instituição cumprir sozinha, ela necessita da participação dos agentes a ela envolvido para garantir seu sucesso.
Pais, alunos, funcionários, professores e comunidade devem ser convocados para atuarem na rotina escolar.
Um dos mecanismos para favorecer a participação é a implementação dos Conselhos Escolares, este é um espaço democrático que reúne diretor, professores, funcionários, estudantes, pais e representantes da comunidade para discutir, definir e acompanhar o desenvolvimento do projeto político-pedagógico da escola.
O projeto político-pedagógico é um documento construído pela comunidade escolar que norteia os trabalhos e rotinas do espaço escolar para favorecer a qualidade da educação oferecido neste espaço, isto é o currículo escolar.
Currículo aqui entendido como Moreira e T. Tadeu (1994) explica, um mecanismo essencial de constituição de identidades individuais e sociais atravessadas por relações de poder, como um artefato histórico, social e contingente, sendo, portanto passível de mudanças e transformações. Não como um meio neutro de transmissão de conhecimentos desinteressados e nem tampouco como um elemento natural, fixo e estável.
O currículo escolar construído coletivamente é uma maneira de participação eficaz para a promoção da democracia no ambiente escolar.
‘O currículo construído coletivamente é outra tendência do novo milênio envolvendo e comprometendo todos os atores sociais em uma postura ativa, crítica, democrática e criativa. ’ Abramowicz (2006)
            Para que esta construção se efetive é necessário estratégias de ação para que o Conselho Escolar consiga de fato se instituir como um mecanismo democrático e usual dentro das escolas, fazer com que se torne cultural em nossos espaços educativos o compartilhamento de decisões em um coletivo, para tal os educadores devem agir de forma a querer compartilhar o conhecimento, de uma maneira dialógica, pois só através do diálogo é possível haver a interação do conhecimento entre o aluno e educadores, da maneira como Imbernóm(2000) esclarece:

 ‘A escola deve abrir suas portas e derrubar suas paredes não apenas para que possa entrar o que se passa além de seus muros, mas também para misturar-se com a comunidade da qual faz parte. Trata-se, “simplesmente”, de romper o monopólio do saber, a posição hegemônica da função socializadora, por parte dos professores, e constituir uma comunidade de aprendizagem de aprendizagem no próprio contexto. ’ p. 85
Apple E James Beane (2001) em sua livro Escolas Democráticas faz referência a quatro escolas com experiências democráticas dignas de análise.
Sabemos que existem outros bons exemplos, porém creio que não deveriam ser exceção e sim regra, isto nos diz que muito ainda é necessária ser feito para que o currículo participativo faça parte da rotina escolar.


Bibliografia:

- Abramowicz, Mere (et. Altt) Currículo e Avaliação uma articulação necessária: textos e contextos. Recife – PE Centro Paulo Freire: Bagaço, 2006
- Apple, Michael – Ideologia e Currículo – tradução Vinicius Figueira – 3ª Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006.
- Apple, Michael, James A.Beane (org) –Escolas Democráticas – tradução Dinah de Abreu Azevedo – 2ª Ed. – São Paulo: Cortez, 2001.
- Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988.
- Imbernóm, Francisco. (org). A Educação no século XXI. Porto Alegre, ArtMed, 2000
- Moreira A. Flávio Silva & T.Tadeu – Currículo, Cultura e Sociedade S. Paulo, Cortez, 1994



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A obra Currículo e participação de Claudia Zuppini Dalcorso foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em elodeeducadores.blogspot.com.

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