Você já conhece as propostas dos candidatos para a eduação?
Leia a entrevista concedida ao site Educar para Crescer e conheça um pouco mais dois principais candidatos ao governo do Estado de São Paulo.
Para saber sobre outros estados, acesse o link
http://educarparacrescer.abril.com.br/blog/educar-nas-eleicoes/2010/09/13/geraldo-alckmin-aloizio-mercadante-falam-da-educacao-em-sao-paulo/
Você pode ainda fazer o teste para saber se você é um bom eleitor. Acesse o link:
http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/testes/voce-conhece-bem-o-seu-candidato.shtml?perg=8
GERALDO ALCKMIN (PSDB) X ALOIZIO MERCADANTE (PT)
Candidatos ao governo de São Paulo falam sobre as principais questões ligadas à Educação
Por Renata Costa
Aloizio Mercadante e Geraldo Alckmin (fotos: Divulgação). Siga os candidatos no Twitter: @geraldoalckmin e @mercadante
Os dois principais* candidatos ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante (PT), atual senador, e Geraldo Alckmin (governador do Estado entre os anos 2001 e 2006) concordam que o Ensino Médio é o ponto mais problemático da Educação paulista hoje. E defendem a ampliação do ensino profissionalizante como uma alternativa para dar uma profissão aos jovens para que estes possam ingressar no mercado de trabalho, se assim desejarem.
Por ser o candidato do partido que atualmente governa o Estado, Geraldo Alckmin, 58 anos, diz que pretende aprimorar, de maneira geral, o atual plano de Educação. Mercadante, 56 anos, avalia que, por ser a Educação um processo continuado, não é bom que se mude tudo de um governo para outro. Por isso, pretende, caso eleito, avaliar o sistema, manter os projetos que funcionam e reformular os que não considera positivos, como, por exemplo, o sistema de bonificação aos professores.
Confira essas e outras proposições nas entrevistas concedidas individualmente e cujas perguntas foram formuladas por conselheiros do Educar para Crescer. Os candidatos não tiveram acesso antecipado às questões. Por questão de agenda, a entrevista com o candidato Geraldo Alckmin foi realizada por telefone.
*Pesquisa IBOPE realizada entre os dias 27 e 29 de julho de 2010. Geraldo Alckmin (PSDB): 50%; Aloizio Mercadante (PT): 14%; Celso Russomanno (PP): 9%. Demais candidatos: 1% ou menos. Branco ou nulo: 10%. Indecisos: 13%.
No Brasil ainda temos aproximadamente 15 milhões de mulheres e homens acima dos quinze anos de idade que não conseguem, por serem analfabetos, ler o lema da própria bandeira nacional: Ordem e Progresso. Em sua eventual atuação como governante, que ação fará para não consolidar essa injusta e vergonhosa ironia cívica?
Pergunta elaborada por: Mario Sergio Cortella, filósofo, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo, doutor em Educação, professor da PUC-SP
Aloizio Mercadante – Temos alguns projetos do governo federal, como o Brasil Alfabetizado. A alfabetização de adultos é um direito de cidadania essencial. Temos boas experiências no Brasil e queremos trabalhar em parceria com prefeituras, governo federal e inclusive entidades não-governamentais que têm se dedicado muito à alfabetização de adultos. Esse é um grande desafio e não tem por que não trabalharmos nessa direção. Iria além. Além da alfabetização, quero implantar um projeto que apresentei no Senado e que, infelizmente, não conseguimos viabilizar, chamado “Novas Oportunidades”. Vi essa experiência em Portugal, onde cerca de 20% dos trabalhadores portugueses voltaram a estudar porque o conhecimento profissional desse trabalhador é considerado como parte da grade curricular na escolar formal. O ministério da Educação reconhece que aquele ferramenteiro, por exemplo, tem noções de matemática e isso conta ponto na graduação é considerado como já estudado em sua grade curricular e ele vai complementar apenas aquilo que está faltando. Ao final do aprendizado, ele ganha um laptop. Nós queremos não só alfabetização, mas também estimular que os adultos voltem a estudar e voltem a progredir para a gente aumentar a eficiência, a cidadania, o trabalho no Brasil.
Geraldo Alckmin - Vou fortalecer o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Quando assumi o governo do Estado, um dos nossos principais trabalhos foi esse. No caso do EJA Fundamental tínhamos, em 1995, 174 mil alunos e, em 2005, 748 mil. E o EJA do Ensino Médio teve um aumento de 1.545% no aumento de matrículas. Pretendo fortalecer o EJA do Ensino Fundamental e Médio e também o EJA do ensino técnico. E uma novidade é que vou criar o programa Via Rápida para o Emprego, voltado para o mercado de trabalho. O grande problema para arrumar emprego é não ter Ensino Fundamental ou Médio. Esse programa prevê bolsa para desempregados e vou colocar junto o EJA. A pessoa faz curso de pedreiro, costureira, eletricista, encanador, operador de máquina e, se precisar, tem bolsa, e ainda vai ser oferecido o EJA para ele.
Qualquer bom administrador sabe que a criação de indicadores, definição de metas e correspondente acompanhamento das mesmas, são condições básicas para uma administração minimamente aceitável. Há alguns anos foi criado um indicador nacional para a educação que é o Ideb, bem como metas para seu acompanhamento. Mesmo assim, quase nenhum governante se compromete objetivamente com tais metas ou, o que seria melhor, estabelece suas próprias metas de forma mais agressiva. Dito isto, gostaria de saber se o senhor sabe qual é o Ideb do seu Estado.
Pergunta elaborada por: David Saad, executivo de Relações Institucionais Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
Aloizio Mercadante - Sei, sei qual é o Ideb. Nós estabelecemos uma meta nacional e o Brasil vai cumprir. Não pode ser só o Ideb, nós fomos muito mal no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos. É uma iniciativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, órgão mundial, realizada trienalmente. Os dados do último levantamento, realizado em 2009, ainda não foram divulgados. Em 2006, o Brasil ficou em 53º lugar entre 57 países no quesito matemática e 48º entre 56 paíse s no quesito leitura). São Paulo ficou abaixo da meta nacional do último Pisa, uma coisa inaceitável para o Estado e para o país. (O MEC divulgou um ranking nacional do Pisa de 2006 e São Paulo ficou em 11º lugar em leitura e matemática)
Geraldo Alckmin - Nós superamos o Ideb em todos os anos. Da 1 a 4ª série, São Paulo é o segundo colocado do Brasil (Distrito Federal e Minas Gerias tem Ideb 5,6. O de São Paulo é 5,5). De 5ª a 8ª, São Paulo é o primeiro do país (O Estado ficou com 4,5, mesma nota de Santa Catarina). E, no Ensino Médio, somos o terceiro Estado do país (São Paulo tirou 3,9 e ficou em terceiro lugar juntamente com Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O primeiro colocado foi Paraná, com 4,2, e o segundo foi Santa Catarina, com 4,1). E superamos todas as metas que foram estabelecidas.
O senhor sabe quais são as metas do Ideb para o seu mandato?
Pergunta elaborada por: David Saad, executivo de Relações Institucionais Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
Aloizio Mercadante - Não tenho de cabeça todas as metas. Os planejamentos e as metas são essenciais para que a gente possa ter uma perspectiva de evolução permanente. A meta tem que ser como o alvo no arco e flecha: tem que mirar um pouco para cima para poder acertar no alvo. Estamos muito atrasados em termos de qualidade de ensino. São em média, três anos de formação de atraso: o conhecimento médio esperado no 9º ano está sendo atingido, na média, no 3º ano do Ensino Médio. Isso não pode continuar. Em matemática, principalmente, está muito abaixo do ideal.
Geraldo Alckmin – Nossa meta é melhorar fortemente o ensino no Estado de São Paulo. E já superamos as metas.
O senhor se compromete com essas metas ou com metas mais agressivas para o Ideb?
Pergunta elaborada por: David Saad, executivo de Relações Institucionais Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
Aloizio Mercadante – Prometo que a Educação e as metas são absolutamente indispensáveis para ter uma boa qualidade. Diria mais, se não for capaz de cumprir as metas e fazer a escola pública evoluir e os alunos tirarem boas notas, tenho que ser reprovado como administrador público. Se conseguir, devo ser aprovado. Porque essa é a tarefa mais importante de um governo no século XXI. Avançar na criação de uma sociedade do conhecimento tendo metas a cumprir. Tenho de ser avaliado, como os alunos devem ser avaliados.
Geraldo Alckmin – Claro. A meta do Ideb para 2009 foi 4,9 para 4ª série; 4 para 8ª série e 3,4 para Ensino Médio.
Quais são as ações objetivas que o senhor, hoje, pode dar certeza absoluta que fará, caso eleito, para atingir essas metas?
Pergunta elaborada por: David Saad, executivo de Relações Institucionais Sociedade Beneficente Israelita Brasileira
Aloizio Mercadante – Dei aula minha vida inteira, sou professor, tenho paixão pela Educação. Nosso vice também, professor Ferraz, é titular da USP, deu aula na PUC e na Unicamp. Minha mulher é educadora. Esse é o compromisso mais importante que tenho, com a Educação. É preciso aproximar mais a família e, com isso, exigir mais qualidade de ensino, ter avaliação para ver se o aluno está aprendendo, qual é o esforço de aprendizado. O grande instrumento de modernização da escola é a inclusão digital, os alunos terem acesso à internet. Hoje nós estamos vendo no meio dos jovens as redes sociais. Eles estão indo para lan house, buscando entrar. Temos que trazer isso pra dentro da escola. Estados mais pobres do Brasil já deram um laptop para cada aluno. São Paulo é um Estado rico que pode dar para cada professor um laptop e para os alunos também. Temos de ter um portal do aluno, um portal do professor, que prepare a aula, que oriente, toda a bibliografia disponibilizada na internet, o que ajuda a ter muito mais livros, muito mais opções. O governo federal já está fazendo processo de implantação. Elegemos 300 cidades inicialmente para essa ideia de acessar o laptop. Países mais pobres já estão fazendo isso. Tem algumas cidades de São Paulo onde nós já fizemos. E tenho um projeto no Senado, já aprovado com unanimidade e que agora está na Câmara para ser votado. É um projeto para que o governo ajude as prefeituras com um bilhão de reais por ano do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações). Está em votação, mas, infelizmente, por causa da eleição, vai ficar para 2011. Quero trazer uma experiência do Rio de Janeiro que já foi implantada lá. Todo aluno – são 1,25 milhão no Rio – tem um cartão com chip. Quando ele entra na escola, fica registrada a presença dele. Se ele foi pra escola, recebe crédito do vale-transporte, mas só recebe se for pra escola. Vamos dar um laptop para cada professor. É impensável a Educação no século XXI sem o professor conseguir entrar na internet para fazer uma pesquisa. O professor com laptop recebe a lista de todos da sala, só tem que confirmar a presença. O que significa também que o professor vai ter de estar na sala de aula para dar aula, porque, se não estiver, vai aparecer que não estava. Se o aluno não for à aula, o pai vai receber na hora uma mensagem de celular dizendo “seu filho não veio à aula hoje”. Então a família vai estar informada e nós vamos tentar acompanhar o que está acontecendo. Não vamos ficar parados assistindo uma situação que os pais não sabem que o aluno não vai à aula e não muda essa cultura.
Geraldo Alckmin – Vamos apoiar os municípios no ensino infantil. Vamos colocar um bilhão de reais para ter mais 200 mil vagas em creches no ensino infantil. Vou ajudar os municípios a universalizar o ensino infantil. Vamos fortalecer o Ensino Fundamental, ampliar a municipalização no ensino de 1ª a 4ª série, pois a municipalização já se provou importante. No Ensino Fundamental também vamos caminhar para o ensino integral quando eu for governador. Outras ações são valorização do professor, valorização salarial, capacitação permanente, com tecnologia, material, currículo, apostila, enfim, todo o material didático. Também vamos implantar o reforço escolar no segundo período e inclusive nas férias escolares, se for preciso. No caso do Ensino Médio, o que vamos fazer é tornar a escola mais atrativa. Isso é hoje o grande desafio dos educadores. Vamos oferecer 600 mil vagas para aprender uma segunda língua nas melhores escolas particulares, pagando com o voucher do Estado. Vamos oferecer ensino técnico e implementar a ETEC (Escola Técnica Estadual) nas salas vazias das escolas da rede estadual. Assim, o aluno pode sair com dois diplomas, médio e o técnico. Vamos investir em novas tecnologias e informática, para melhorar o Ensino Médio e preparar o jovem para o mercado de trabalho.
Considerando que o professor é peça chave para a melhoria da qualidade do ensino, como o candidato pretende articular a formação dos professores com a prática da sala de aula para que haja um efetivo impacto na qualidade?
Pergunta elaborada por: Maria Alice Setubal, socióloga, diretora-presidente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), integrante do Conselho de Administração da Fundação Abrinq e do Conselho do Programa Comunidade Solidária
Aloizio Mercadante – As universidades de São Paulo têm um padrão de excelência que pode ajudar muito: USP, Unesp, Unicamp, as universidades federais e as particulares de qualidade. Vamos criar uma rede que é a universidade do professor, para formação, reciclagem, aprendizado permanente dos professores do Estado de São Paulo. O processo pedagógico exige uma reflexão permanente do corpo docente. Tem que avaliar o processo, trocar experiência, avaliar os alunos para ver como se desempenham nas várias disciplinas. O processo de formação do professor não é só acesso à universidade, é atividade extracurricular, indispensável na formação de um bom corpo docente. É um ato coletivo.
Geraldo Alckmin - São Paulo foi o primeiro Estado brasileiro a cumprir a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Quando governador, ofereci Pedagogia e curso superior gratuito para nossos professores, depois mestrado e doutorado. Vamos fortalecer o centro de formação de professores. O professor, mesmo com concurso, vai passar quatro meses no centro de formação de professores para se capacitar melhor para o trabalho em sala de aula. Na série inicial de alfabetização, teremos o segundo professor, um auxiliar, ajudando no processo de alfabetização. Vamos promover para o professor uma valorização salarial, capacitação permanente, tecnologia em sala de aula e ampliação da formação continuada.
Há quem defenda a implantação da política de bônus como forma de reconhecer o mérito do professor. O senhor acredita que esta seja a melhor política para reconhecimento de mérito docente? Se não, qual seria o caminho?
Pergunta elaborada por: Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do Todos Pela Educação
Aloizio Mercadante – É preciso recuperar a carreira do professor. Temos em São Paulo 98 mil professores sem futuro, sem carreira, que nunca tiveram oportunidade de fazer um concurso. O que acontece com esse professor que é precário? Às vezes aquela não é a atividade prioritária dele, é um bico que ele está fazendo. Você não pode ficar trocando professor na sala, tem que ter uma equipe que trabalha junto, que troca experiências, que é avaliada. A estabilidade pedagógica é fundamental. Na universidade, tem que ter carreira. A escola pública não é diferente. Hoje nós temos quase metade dos professores sem carreira em São Paulo. Isso é inadmissível.
Geraldo Alckmin – Defendo o bônus como critério de estímulo aos professores. Mesmo assim, há que se ter carreira. Aumento salarial e bônus não são incompatíveis, eles se complementam. Não pode haver só carreira e não ter estímulo. E a gratificação tem que ser baseada em resultados.
As avaliações nacionais mostram que um dos maiores desafios da educação brasileira sob a responsabilidade dos estados é o Ensino Médio, que apresenta indicadores ruins tanto de desempenho dos alunos como de cobertura. Cerca de 20% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola. Entre os que conseguem concluir o ensino médio, apenas 9% desenvolvem as competências e habilidades esperadas ao final da educação básica. O que o senhor ou senhora fará no seu estado para melhorar o Ensino Médio?
Pergunta elaborada por: Maria Helena Guimarães de Castro, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) e ex-secretária da Educação de São Paulo
Aloizio Mercadante – O Ensino Médio faz parte do ensino básico e deve estar dentro das metas, com todos esses compromissos: com os professores, Educação continuada, processo pedagógico, inclusão digital, que, para mim, é uma ferramenta moderna indispensável no século XXI. E, inclusive, vamos avançar no ensino de tempo integral e no Ensino Médio profissionalizante. Queremos implantar progressivamente o ensino profissionalizante. E, finalmente, a inclusão digital, para que progressivamente todos os alunos possam ter acesso à internet, um laptop para poder trabalhar em casa, trabalhar na escola, dar um grande salto histórico em Educação.
Geraldo Alckmin - O Ensino Médio é o grande desafio hoje. O objetivo é melhorar o interesse e o desempenho dos alunos, permitir currículos diferentes para quem quer fazer trajetória acadêmica ou seguir o mundo do trabalho. Aumentar as disciplinas eletivas, aproximando os jovens do mundo do trabalho, com tecnologia, aulas na área tecnológica, informática e línguas, por exemplo. O Ensino Médio tem o melhor índice do Brasil em São Paulo em termos de universalização, com o número de jovens de 15 a 17 anos matriculados. E vou também oferecer mais ensino técnico.
Quais os planos para garantir a ponte entre a escola e o mercado de trabalho?
Pergunta elaborada por: Wanda Engel, superintendente-executiva do Instituto Unibanco
Aloizio Mercadante – Hoje 87% dos alunos vão para o mercado de trabalho direto, mas está faltando mão de obra profissional e técnica. Farei parceria com Senai, Sesi, escolas técnicas federais e estaduais já existentes, a rede Paula Souza. Vamos implantar em toda a rede de Ensino Médio o ensino profissionalizante. Essas são as metas mais importantes. Ficam 12 anos na escola e saem como para o mercado de trabalho? Tem que sair com uma profissão. Temos de ter escolas técnicas profissionalizantes. Como já falta mão de obra, com o Brasil crescendo muito, a própria juventude vai querer ir para o ensino profissionalizante.
Geraldo Alckmin – Pretendo investir nos três níveis: faculdades, Ensino Médio e profissionalizante. Vamos ampliar a oferta de Fatecs de acordo com a cultura local e demanda econômica da região. Criamos uma, na cidade de Pompeia, quando era secretário do Desenvolvimento (do Estado de São Paulo), com o curso de Tecnologia em Mecânica de Agricultura de Precisão, algo que só tem nos Estados Unidos. Na área industrial, vamos fazer cursos de Mecatrônica, Serviços, Contabilidade, Negócios Jurídicos. Depois, vou investir no nível médio, nas Etecs. Vou ampliar as Etecs, sempre pensando na vocação econômica regional. A proposta é ampliar as vagas, sempre voltadas para o mercado de trabalho, aproximando-as do Ensino Médio, para que o jovem saia com os dois diplomas. E vou investir no programa “Via Rápida para o Primeiro Emprego”, porque, para o vestibular das Fatecs, é preciso ter diploma de Ensino Médio. Para quem não tem o Ensino Médio, a opção será o Via Rápida, com cursos rápidos de 80, 100 horas, voltados para o mercado de trabalho. E então, quando o aluno vier fazer as 100 horas de curso conosco, vamos estimulá-lo a fazer o EJA (Educação de Jovens e Adultos). O problema hoje do emprego é a falta de Ensino Fundamental e Médio. O “Via Rápida para o Emprego” já coloca o EJA junto para resolver isso. Além disso, vou trabalhar também com as próprias universidades do Estado. Quero promover uma forte ampliação das vagas e cursos das engenharias.
Como equalizar o currículo do Ensino Médio atendendo à necessidade tanto do jovem que quer entrar na universidade quanto do que quer ir para o mercado de trabalho?
Pergunta elaborada por: Wanda Engel, superintendente-executiva do Instituto Unibanco
Aloizio Mercadante - Precisamos fazer o ensino profissionalizante progressivamente. Mesmo se o jovem quiser estudar Engenharia Civil, por exemplo, vai ser bom se ele tiver feito um curso de edificações. Se ele quiser Ciência da Computação e tiver feito técnico em Computação, vai ter condições muito mais avançadas de aprendizado. Se ele fez técnico em Contabilidade e vai fazer Ciências Atuariais, terá condições de se desenvolver mais.
Geraldo Alckmin – Vamos flexibilizar um pouco o currículo. É possível ter diferentes modelos. Nada impede que tenhamos uma base comum, mas com currículos diferentes. Seria um conjunto de disciplinas para todos, mas com diferenças disciplinares. Queremos reduzir o número de disciplinas obrigatórias e aumentar o número de eletivas.
Como pensa em estimular a atratividade da carreira docente junto aos jovens concluintes do Ensino Médio?
Pergunta elaborada por: Ângela Dannemann, diretora da Fundação Victor Civita
Aloizio Mercadante – Primeiro temos que melhorar o salário, não podemos ter bons profissionais se continuarmos com essa política de desvalorização dos professores. Tem que existir uma política de valorização salarial para atrair bons profissionais. E essa rede, que se chamaria “universidade do professor”, pode ser muito importante para motivar os alunos a se dedicar à docência. E não é só um problema de remuneração, mas de vocação. É preciso estimular essa vocação para a docência, que é uma das atividades mais nobres que existem.
Geraldo Alckmin – Salário é uma questão fundamental. E também condições de trabalho, além de possibilidade de capacitação permanente, possibilidade de fazer mestrado, doutorado, ter uma carreira que possibilite uma ascensão profissional. É preciso dar perspectivas. Por isso, pretendo valorizar muito o professor com carreira, salário, tecnologia. Quando fui governador, compramos 60 mil computadores para professores. Metade foi paga pelo governo e a outra metade, pela Nossa Caixa.
O que o senhor pensa sobre dar maior autonomia administrativo-financeiro para diretores de escola, com a participação da comunidade de pais de alunos como controle?
Pergunta elaborada por: Ângela Dannemann, diretora da Fundação Victor Civita
Aloizio Mercadante – Sou favorável que eles tenham mais autonomia e que a gestão seja transformada em uma carreira.
Geraldo Alckmin - Sou totalmente favorável. Primeiro tem que tratar da questão da capacitação dos diretores. Um bom diretor de escola faz toda diferença. Vou dar absoluta prioridade para isso. Pretendo dar mais autonomia para as escolas com a presença dos pais. Quando criei o programa “Escola da Família”, a ideia era aproximar a escola da família, trazer os pais para dentro da escola. Visitei nos Estados Unidos as Charter Schools. Em Nova York, um pai de aluno é contratado em cada uma das escolas. Aqui pretendemos dar autonomia maior para as escolas, investir na formação para diretores, dar capacitação gerencial e educacional.
O que o senhor fará para melhorar a formação de diretores? Pensa na criação de cursos universitários para formação de diretores de escola?
Pergunta elaborada por: Gustavo Ioschpe, economista da G7 Investimentos, especialista em Educação
Aloizio Mercadante – Ele tem que ter formação específica, porque dirigir uma escola não é a mesma coisa que dar uma aula. É uma habilidade específica. Tem de ser formado, tem de ser apoiado, pois terá grande importância na gestão da escola.
Geraldo Alckmin – Em primeiro lugar, é preciso agir na formação universitária junto com as instituições estaduais. E, em segundo, é preciso que quem já tem diploma tenha capacitação permanente. Outra novidade, que conto aqui: pretendo criar a quarta universidade paulista. Entre aspas. Entre aspas, porque é a Fundação Univesp. Vamos aproveitar melhor a tecnologia de informação para Educação a Distância, e presencial também. A Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) será uma parceira importante para chegar permanentemente aos 645 municípios de São Paulo, com formação, com estímulo. Vamos fazer a formação de nossos alunos no ensino a distância, semipresencial. E aproveitar também para utilizá-la na formação de professores e funcionários.
O senhor se compromete a não fazer indicações políticas para o cargo de diretores de escola? Como eles serão selecionados?
Pergunta elaborada por: Gustavo Ioschpe, economista da G7 Investimentos, especialista em Educaç
Aloizio Mercadante – Sou contra qualquer ingerência política na indicação de diretor. Tem de ser técnico e tem de ter carreira. Onde você tem um bom diretor, tem uma escola melhor. O diretor faz toda a diferença na competência e na qualidade do ensino. Sou totalmente contra as indicações políticas. Ele tem que ser avaliado pelo desempenho, muito bem escolhido.
Geraldo Alckmin – É preciso ter profissionalismo. Deve-se escolher o diretor por mérito, com critérios objetivos, pela formação. Diretor de escola é concursado por lei. Temos de estimular nossos diretores, capacitá-los, avaliá-los, criar condições para eles trabalharem. É zero de ingerência político-partidária.
A maioria dos estudos empíricos demonstra não haver correlação entre gastos em educação/salários de professores e aprendizados dos alunos. O senhor aceita este achado ou acredita que devemos investir mais para obter melhor qualidade de Educação?
Pergunta elaborada por: Gustavo Ioschpe, economista da G7 Investimentos, especialista em Educação
Aloizio Mercadante – É indispensável que o professor tenha estabilidade e carreira, é preciso investir nisso. O que não posso aceitar é que, além de não ter reajuste salarial, porque os salários são irrisórios, crie-se uma política de remuneração em que só 20% dos professores (mais bem avaliados) têm direito a receber. Mesmo que ele passe na avaliação, não significa que vá receber. Depois, quando recebe, demora quatro anos para receber de novo. Aprendizado é ato coletivo, tem de ter integração dos professores, motivação, política de premiar quem tem mais dedicação, empenho, como existe na universidade. Pode pagar também pelo desempenho? Também. Desde que tenha carreira e direitos básicos assegurados. Ou seja, quem preencher os requisitos tem de ter a bonificação.
Geraldo Alckmin – Há necessidade, sim, de mais recursos e também a necessidade de eles serem mais bem aproveitados. São Paulo dá exemplo para o Brasil. São Paulo destina 30% do seu Orçamento para a Educação. A melhor maneira de utilizar esses recursos é ter eficiência nos gastos públicos. Vamos procurar ter a melhor eficiência possível. E, por outro lado, vamos avaliar os resultados. Vou então manter os 30% e, se possível, aumentar.
Quais políticas do governo atual na área da Educação serão mantidas? Quais serão revistas ou aprimoradas (e de que maneira) e quais, eventualmente serão abandonadas?
Pergunta elaborada por: Ana Lúcia Lima, diretora-executiva do Instituto Paulo Montenegro
Aloizio Mercadante – A Educação é um processo continuado. Essa coisa de que um governo entra e destroi tudo o que foi feito não é um bom caminho. Temos excelentes centros de saber em São Paulo, as universidades estaduais são as melhores do Brasil, ranqueadas internacionalmente. Temos boas escolas técnicas estaduais. Temos boas escolas, inclusive com bom desempenho. Tudo aquilo que está dando certo, nós pretendemos manter. Vamos fazer um diagnóstico para melhorar o que tem de ser melhorado e mudar o que tem de ser mudado. Por exemplo, sou favorável a ter avaliação. A progressão continuada não é essa política da aprovação automática que nós temos. Tem de ter avaliação da escola e do aluno, inclusive para ter política de reforço e recuperação. Isso tem de ser entendido como um ciclo de aprendizado, porque o processo de aprendizado é muito diferenciado. E a avaliação tem de ser com base no que o aluno aprendeu e no esforço que ele fez para aprender. Tem de ser parte do processo de avaliação. Por isso, o controle de presença é algo que vamos retomar. Porque, ao controlar a presença do aluno, controlamos a presença do professor. No processo eletrônico, é automático, não tem jeitinho, não tem ponto. O professor tem de estar na sala de aula e o registro é feito durante o período. Ele vai ter de fazer um resumo eletrônico de qual foi a aula que ele deu. Nós vamos ter um sistema mais transparente, mais eficiente de fiscalização e controle da qualidade de ensino.
Geraldo Alckmin – Nós trabalhamos em São Paulo fazendo avanços sucessivos. Passo a passo avançamos, por exemplo, na questão dos ciclos da progressão continuada. Tínhamos dois ciclos na escola de Ensino Fundamental de oito anos. Agora, passará a ter nove anos no Ensino Fundamental, então pretendo ter três ciclos. Não é mudança, é aprimoramento. Tem a questão da escola em tempo integral também, que pretendo ampliar. A progressão avaliada já existe, mas pretendo fortalecer com avaliação dos alunos e reforço escolar nas férias.
Qual o papel que o candidato vê para a participação da sociedade civil e em especial para o investimento social privado no apoio à educação pública?
Pergunta elaborada por: Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro
Aloizio Mercadante - É muito importante que a família faça parte da escola, é preciso criar uma sociedade educadora, um bairro educador. A família é parte indispensável e essencial no processo de aprendizado. A gente tem que fazer parceria com a iniciativa privada. Boas parcerias têm ajudado muito na melhoria da escola e da Educação.
Geraldo Alckmin – O setor privado pode ser um grande parceiro nesse trabalho. Educação pública gratuita de qualidade é um direito constitucional. Entendo que os projetos de parceria são muito importantes, acredito muito no envolvimento das famílias, no envolvimento da comunidade local, da sociedade civil organizada, de entidades do terceiro setor da área da Educação. E as empresas também devem participar, pois só vão ajudar a fortalecer esse direito constitucional.
Que ações são planejadas para estimular o compromisso da família no acompanhamento da vida escolar do aluno/seu filho?
Pergunta elaborada por: Guilherme Weege, empresário, diretor da Malwee
Aloizio Mercadante – Diria que, desde a gravidez, nós temos de conscientizar os pais sobre a importância da escola. É preciso fazer atividades para chegar a esse objetivo. Às vésperas do Dia dos Pais, por exemplo, é preciso motivar os pais, fazer um trabalho para que eles compareçam à escola, participem das atividades com o filho. Isso é fundamental para que as criança se sintam seguras
Geraldo Alckmin – A Escola da Família é uma maneira de estimular a participação da família, pois abre a escola no final de semana, no feriado, tem um educador voluntário. O programa traz os pais para dentro da escola, pois oferece programas de geração de renda, artes, cultura. A entrega do boletim escolar permanente também é importante para a participação dos pais na avaliação dos alunos. E estudamos a possibilidade de ter um pai contratado por escola, como fazem as Charter Schools nos Estados Unidos.
Que ações serão organizadas para implementar as escolas em tempo integral? Há interesse em ampliar a quantidade das unidades com essa modalidade de educação?
Pergunta elaborada por: Guilherme Weege, empresário, diretor da Malwee
Aloizio Mercadante - O governo federal tem o programa “Mais Educação”. Já estamos com 10 mil escolas em que a metade do período é de aprendizado curricular e, na outra metade do período, os alunos têm esporte, cultura e reforço escolar. O programa usa o cinema da cidade quando ele está vazio, por exemplo. Há alunos de Pedagogia e licenciatura que são incluídos nesse processo de complementação. Nós temos que caminhar na direção do ensino em tempo integral.
Geraldo Alckmin - No Ensino Fundamental, vamos caminhar para a escola de tempo integral, ou alunos em tempo integral, o que é diferente. Porque algumas escolas, devido ao seu tamanho, não comportam que os alunos fiquem na escola o dia todo. Então, no segundo período, enquanto outros alunos estão na escola, esses alunos vão para o centro comunitário, para um ginásio esportivo, para um clube-escola ter aula de informática, reforço, de uma língua. Nas escolas que tiverem espaço físico para todos os alunos da região, o estudante entra de manhã, almoça, e tem o segundo período lá mesmo.
Qual é o projeto do senhor para a disciplina Educação Física Escolar?
Pergunta elaborada por: Jorge Steinhilber, mestre em motricidade humana, presidente do CONFEF (Conselho Federal de Educação Física)
Aloizio Mercadante – Apresentei um projeto que já foi aprovado no Senado e que, se eu for governador, vou implantar aqui. Vamos fazer uma olimpíada estudantil, selecionar os alunos que têm talento para esporte em todas as modalidades. Cada município, cada prefeitura, vai disputar uma modalidade para sediar. Vamos fazer a rede olímpica de São Paulo. Queremos resgatar na escola pública essa vocação para o esporte.
Geraldo Alckmin – Pretendo ampliar essa disciplina, porque vamos para a escola de tempo integral. No segundo período dos alunos, além das disciplinas básicas, quero um aumento de atividades nas áreas cultural e esportiva. E o esporte é importante para educar, tem papel importante na formação dos jovens. E vamos ter também o Escola da Família, que abre a escola no final de semana, sempre com educadores profissionais, um educador universitário e os voluntários. Grande parte da atividade do Escola da Família é esportiva. É preciso destacar que muitos jovens de São Paulo puderam fazer faculdade graças ao programa. Foram 222 mil bolsas para fazer faculdade de graça. Os jovens retribuíram isso à sociedade sendo monitores nos finais de semana.
A maioria das unidades escolares não dispõe de local adequado para o desenvolvimento de atividades físicas e esportivas. Qual o projeto para corrigir essa distorção?
Pergunta elaborada por: Jorge Steinhilber, mestre em motricidade humana, presidente do CONFEF (Conselho Federal de Educação Física)
Aloizio Mercadante – Hoje temos escolas muito defasadas, sem equipamentos, sem espaço. E o ambiente da escola é parte do aprendizado. Tem de ser um ambiente acolhedor, envolvente, receptivo, isso dá motivação. O aluno tem de se sentir acolhido na escola. O esporte, a cultura e o ambiente são muito importantes.
Geraldo Alckmin – Já aumentamos muito o número de quadras poliesportivas e quadras cobertas nas escolas do Estado, mas precisamos ampliar ainda mais. Pretendo estimular muito a questão do exercício, da ginástica. Não só na escola, mas também para a terceira idade. Pretendo criar academias ao ar livre, fazer convênios com academias de ginástica para oferecer vagas para a terceira idade.
Fonte: Educar para crescer
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