quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Palestra na USP

A palestra de Martin Carnoy da Universidade de Stanford realizada na USP hoje pela manhã foi um sucesso! O objetivo da mesma era discorrer sobre o resultado de uma pesquisa realizada em três países (Chile, Cuba e Brasil) sobre o sucesso acadêmico dos estudantes.
Esta pesquisa foi publicada no livro "A Vantagem Acadêmica de Cuba: por que seus alunos vão melhor na escola". Nele o autor fala sobre o modelo educacional de Cuba, bastante centralizador, com um currículo praticamente igual para todas as escolas, o que permite um controle sobre os conteúdos que estão sendo desenvolvidos e a aprendizagem dos alunos.
Vale lembrar que o governo garante que todas as crianças tenham boa saúde, alimentação e segurança, por isso, a escola tem todas as condições para garantir também uma boa educação.
Cabe ao diretor fazer esse acompanhamento e saber quem está aprendendo e, se não está, por que isto está acontecendo e o que fazer para que consiga aprender. Para ele o diretor tem que ser um líder instrucional que saiba como medir ganhos instrucionais e utilizá-los para auxiliar o professor no que precisa melhorar.

Alguns pontos contribuem bastante para o sucesso do trabalho:
  • Os alunos raramente mudam de escola durante os primeiros anos do ensino, o que permite que sejam acompanhados e monitorados em sua aprendizagem.
  • O tempo de aula utilizada para a realização de atividades é o maior entre os três países pesquisados - time on task.
  • As crianças nunca ficam sem nenhuma tarefa, se acabar logo uma atividade, recebe outra em seguida até que todos terminem e não perdem tempo copiando coisas da lousa, recebendo estas atividades em folhas.
  • O nível dos professores é o mais alto dos países pesquisados.
  • Nos primeiros três anos de carreira o professor é supervisionado de perto para só então ser decidido se ele poderá seguir nesta profissão.
Fez ainda algumas considerações sobre o papel do Estado na educação privada, já que ela só existe com o consentimento do próprio Estado e sobre o "absenteísmo autorizado".
Comentou sobre como o conhecimento que o professor tem sobre determinado conteúdo se reflete na aprendizagem dos alunos. A tendência é que demos mais ênfase naqueles conteúdos que mais dominamos ou nos interessamos.
Fazem diferença ainda nesse processo: o tamanho da classe, a disposição dos alunos em sala e os materiais disponíveis (computadores, xerox, papéis, livros didáticos, projetor, etc.)
Para concluir, dois pontos foram destacados:
  • Para ter os melhores professores é preciso pagar o preço!
  • A chave para a educação está no que fazemos na sala de aula - e podemos aprender mais sobre isto com quem tem tido sucesso nesta tarefa.
Foi uma manhã muito produtiva e de várias reflexões...
Se se interessaram, vale novamente a dica do livro:
"A Vantagem Acadêmica de Cuba: por que seus alunos vão melhor na escola"
Martin Carnoy com Amber Gove e Jeffery Marshal, publicado pela Ediouro com apoio da Fundação Lemann.

Um comentário:

  1. Olá, Claudia e Silvana -

    Vale lembrar também o que ele disse sobre nossa responsabilidade como professores:
    "a ideia de que o professor deve ter direitos enquanto as crianças não os têm, não é democracia."

    Outro aspecto importante: "Não se pode entender o que acontece na sala de aula, se não se entende o que acontece fora dela."

    Boa sorte com o blog! Estarei por perto, participando e divulgando.

    Andréa

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